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A oração do crente revela a condição de sua alma diante de Deus.

Salmos 5:1-12
1 – DÁ ouvidos às minhas palavras, ó SENHOR, atende à minha meditação.
2 – Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois a ti orarei.
3 – Pela manhã ouvirás a minha voz, ó SENHOR; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei.
4 – Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo habitará o mal.
5 – Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.
6 – Destruirás aqueles que falam a mentira; o SENHOR aborrecerá o homem sanguinário e fraudulento.
7 – Porém eu entrarei em tua casa pela grandeza da tua benignidade; e em teu temor me inclinarei para o teu santo templo.
8 – SENHOR, guia-me na tua justiça, por causa dos meus inimigos; endireita diante de mim o teu caminho.
9 – Porque não há retidão na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua.
10 – Declara-os culpados, ó Deus; caiam por seus próprios conselhos; lança-os fora por causa da multidão de suas transgressões, pois se rebelaram contra ti.
11 – Porém alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; e em ti se gloriem os que amam o teu nome.
12 – Pois tu, SENHOR, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás da tua benevolência como de um escudo.

O grande reformador Martinho Lutero disse que os salmos não colocam diante de nós somente a palavra dos santos, mas nos desvenda também o seu coração e o tesouro íntimo de suas almas. Ele ainda disse que através dos salmos aprendemos a falar com seriedade em meio a todos os tipos de vendavais.

Nessa passagem do salmo 5 a oração do crente revela a condição de sua alma diante de Deus. É fato que os cristãos são conhecidos mediante as suas orações. O modo como você identifica se um cristão é maduro ou não, sensível ou não, piedoso ou impiedoso em sua vida com Deus é o modo como ele lida com a oração.

Muito mais do que o modo como ele articula as suas palavras, seu discurso religioso, quer através de sua mensagem ou testemunho é como ele lida com a sua intimidade com a oração, tanto em nível particular (secreta) quanto comunitária (pública).

Jesus fala do modo como devemos lidar com as nossas orações, em seu famoso “sermão do monte”:

Mateus 6:5-8
5 – E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
6 – Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
7 – E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
8 – Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.

Então temos o “nó teológico”: se o Pai sabe o que nos é necessário antes de pedirmos algo a ele, porque temos então de pedir? Eu tenho para mim que a dica para começarmos a entender isso, é que Deus quer manter um relacionamento conosco. A oração revela a condição da nossa alma diante de Deus. Deus não muda, mas nós mudamos. Na oração revelamos esse espírito de quebrantamento. E a Palavra de Deus vai dizer que diante de “um coração quebrantado, ele não rejeita” (Salmo 51.17).

C. S. Lewis, escritor inglês, autor das “Crônicas de Nárnia” e de outras obras, teve uma experiência com a sua esposa. Ele casou-se com uma americana em um leito de hospital onde ela tratava de um câncer em estado terminal. Depois de alguns anos ela falece, ele entra em uma crise de fé e certa feita um “amigo de Jó” lhe pergunta se ele não havia orado pela cura de sua esposa, e ele respondeu: “orei, orei, orei, orei, mas as minhas orações não mudam a Deus, elas mudam a mim mesmo”.

Estamos diante desse nó que pode ser desatado apenas com um espírito de humildade, isso porque o que ouvimos hoje em muitos movimentos religiosos fica difícil de compreender, mas é fato que diante de Deus não temos de determinar nada, no mínimo nós temos que solicitar. Todos os verbos empregados no grego para “pedir”, são sempre vocábulos que partem do pressuposto de que o suplicante está em posição inferior a quem se suplica. Não há relações entre iguais na Bíblia entre homem e Deus. Até mesmo a Aliança, não acontece nos moldes de outras alianças no mundo bíblico, mas sim como aquela que o suserano entra com tudo, e o outro entra apenas com obediência, subserviência mesmo.

Essa alma suplicante é a que vemos em Davi o tempo inteiro. É a verdade de que nenhum perigo ou desconforto deve nos impedir de ter nossa comunhão matutina com o Senhor. E essa comunhão tem de estar diretamente ligada ao nosso sofrimento.

Este artigo foi adaptado, com autorização do autor , do livro “Orando com os Salmos: quando a tragédia chega em nossa casa”, de Ezequias Amâncio Marins.


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Neste livro o autor ensina, por meio da exposição dos Salmos 3, 4, 5 e 6, algumas orações matutinas e noturnas de Davi, nas quais ele se derrama, em toda sua fragilidade, diante da soberania de Deus. O E-book deste livro está sendo distribuído gratuitamente em nosso site.

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